“My Song By The River” é o álbum de estreia de Inesh Bueno, um trabalho íntimo, cru e profundamente emocional. Ao longo de sete faixas, a artista explora temas como trauma, esperança, pertença e a construção da identidade num mundo em constante movimento.
O disco coloca o ouvinte no centro da sensação de deriva, equilibrando vulnerabilidade e resiliência numa narrativa que se desdobra ao longo de toda a obra. Nascido da vontade de transformar fragilidade em arte, “My Song By The River” assume-se como um porto seguro onde a música funciona tanto como refúgio quanto como catarse.
Com uma sonoridade sensível e uma atmosfera marcadamente introspectiva, Inesh Bueno, artista de origem ibérica, convida-nos a entrar no seu universo, um espaço onde dúvidas, medos e esperança coexistem e se transformam em expressão artística. Cada faixa funciona como um passo nesta viagem interna, refletindo a busca por um lugar de pertença e o confronto com as cicatrizes que moldam quem somos.
Este disco afirma Inesh Bueno como uma das vozes emergentes mais expressivas da nova música alternativa, apresentando um trabalho coeso, honesto e esteticamente cuidado. Como a própria artista resume: “Encontrei na música o meu refúgio — um lugar onde a vulnerabilidade pode existir sem medo.”
#1 I HAVE TO GO
A vontade de encontrar a nossa criança interior.
A “I HAVE TO GO” vem de um vazio emocional que nunca sabemos o que é ao certo, mas que muitas vezes está à nossa frente. As constantes lutas diárias sejam elas sociais, mentais e emocionais, muitas vezes afastam-nos de nós próprios e esta música é um “hino” à vontade de voltar para casa, a nós, à criança que ainda habita algures no nosso ser.
Com um ambiente atmosféricos, onde os refrões nos levam a um ambiente cheio de reverbs e pads, fazemos com que a nostalgia acabe por estar presente, mas tendo o groove do baixo para trazer alguma realidade e peso no pensamento.
#2 MY SONG BY THE RIVER
Um poema e um “adeus” à vida.
Talvez o tema mais profunda do álbum e uma metáfora de algo que é tão taboo de se falar como o suicídio. Onde a personagem é a música e a vida o rio, como se a personagem estivesse a sentir tudo a passar à frente dela e ela fica ali, apenas a boiar no rio.
“I lost all my words while I’m writing all these songs”, uma sensação de perda de si mesma, em contrapartida com o fim “the River of the feelings and meanings”, a vida que tanto tem, assim ela supõe, mas que apenas a vê de perto ao invés de sentir.
#3 11 TIMES BY YOUR SIDE
Quando um começa amar-se a si próprio, abre espaço para amar outro.
A única música de amor do álbum, mas não direcionado a alguém. Talvez pensado em, mas não tanto com esse objetivo. “11 times i needed to break my own heart to listen to everything i do is by your eyes to smile”, a frase mais importante da música, onde a personagem demonstra que a dor foi presente e constante, mas que já está melhor. Sabe assim que está pronta para amar e ser amada, sem dores ou sem sentir que irão ter pena dela.
Uma sensação nova, uma “primeira vez” no meio de tanta dor “Oh baby please don’t go away ‘cuz I’ve learn how much I want you to stay” será para outra pessoa? Será para ela mesma? Fica a questão para aqueles que se voltam amar.
#4 TELL ME IF I’M WRONG
Pedir a algo superior a nós que nos ajude a saber se as nossas decisões são boas ou más.
“TELL ME IF I’M WRONG” é quase como se fosse uma reza, uma sensação de se ser pequeno e de a incerteza ser maior do que o mesmo. A sua incerteza na dor perante a vivência “throwing out a bowl of glass and then I can chose if I win or loss”. A personagem explica as dores dela, conta a sua história, vive as sobras, sem as querer sentir mais, mas sem saber o que ser para além disso.
#5 GUERRERA DE MIL AGUAS
Ter fé e lutar, empoderamento. A Phoenix.
Com um saxofone incrível, a música transcende os nossos sentidos para outra dimensão. Uma música com raiva e clareza daquilo que se pode vir a ser, daquilo que aprendeu a ser e está pronto a ser descoberto. Sem incertezas, sem inseguranças, mas com vontade de viver, de querer ser mais sem se saber o quê ao certo, apenas com fé de que, agora sim, vai dar certo. A própria contradição da personagem “Yo quiero todo en mis sueños” / “Yo tengo todos los sueños del mundo” quase como se não se apercebesse o poder que tem em si própria, mas ao reafirmar que não quer voltar ao passado nem ao presente (mas sim viver na sua certeza incerta do presente), ganha a sua fé.
#6 (the) PEOPLE
A sensação de se estar abandonado no meio de tanta gente.
A melhor forma de ouvir “(the) PEOPLE” é sem dúvida deitado na cama, com umas luzes de presença, de fones e de olhos fechados. Deixar-se levar pela melodia e parar no tempo, enquanto o mundo anda, avança, evolui. Uma música que transcreve a dor de qualquer pessoa que se sente só e vê a vida andar, sem ela própria se mexer. Com carinho, sem mágoa ou rancor. Hoje, a música é tocada com carinho, quase como uma nostalgia de nos relembrar que estamos todos,muitas vezes sós, mas que nos temos a nós próprios.
#7 LUNA EN 100 AÑOS
Uma dedicação ao meu avô, no seu 100° aniversário e toda a gratidão do mundo por um ser incrível que cá andou na terra.

