Até podemos sentir que o metal sinfónico já ultrapassou aquela sua catadupa, mas os Húngaros Meteora não parecem importados com isso, ou sequer dispostos a reconhecê-lo. O teclista Atilla orienta-nos para este novo EP “In This Silence,” o primeiro de uma trilogia, e de que forma abre um novo capítulo para a banda.
Parabéns pelo novo EP! Veem isto como o início de uma nova era para a banda ou veem o vosso caminho como algo mais linear? Que novidades podemos esperar desta nova etapa?
Muito obrigado! Certamente é o começo de algo novo, já que esta é a primeira vez, desde o nosso álbum de estreia, que não escrevi todas as canções. O mundo está a mudar muito rapidamente, portanto não quero estar a prometer coisas, mas falámos em lançar material novo após esta trilogia também em doses pequenas. Nos últimos dois anos não conseguimos fazer muitos concertos devido a problemas de saúde dentro da banda, mas com sorte parece estar tudo resolvido, e esperamos um 2026 muito activo.
Existem algumas recentes mudanças de alinhamento e têm uns guitarristas relativamente recentes. Que propostas colocaram eles sobre a mesa quando trabalharam nestas novas canções?
São pessoas realmente criativas, e têm excelentes ideias musicais. O Dani e o Dani (coincidentemente, ambos se chamam Daniel!) escreveram uma canção, cada um, para a trilogia que aí vem. O Dani Baranya é responsável pela música da “Rebirth” e o Dani Schreiber escreveu uma canção ainda por anunciar do terceiro EP. Mas posso dizer já que temos altas expectativas para essa faixa. O Dani B. também escreveu um lindo solo para a “Ghosts” e uns shreds para faixas no segundo e terceiro EPs.
O que vos fez escolher uma trilogia de EPs em vez de um longa-duração regular?
Tivemos, principalmente, dois pensamentos por trás desta decisão. Um foi que ter mais buzzes pequenos à volta de uma banda é melhor do que um grande hoje em dia. Quanto mais vezes o nome aparecer na internet, maiores chances tem de alcançar novos ouvintes. O outro foi que, desta forma, podemos dar destaque a mais canções. Cada EP vem com single + vídeo de antecedência, e outro vídeo para uma das canções assim que o EP saia. E no final, com o lançamento do terceiro EP, serão agregados para o nosso quarto LP, e estará disponível em formato físico dessa forma.
Parece evidente que os EPs estarão ligados. Existe algum conceito ao longo de tudo? De que falam as letras de “In This Silence”?
Não há um conceito ao longo dos três EPs, para ser honesto. Gostamos de escrever canções diversas, e fazer álbuns diversos. Tentámos fazer com que cada EP se sentisse válido por si só, para que todos tenham algo catchy, algo que te faça pensar, e algo que seja verdadeiramente artístico.
O principal tópico deste EP “In This Silence” é como se sente viver na Hungria hoje em dia. Vivemos numa semi-ditadura, a faixa-título reflecte o desespero de que fique assim para sempre, e a “Free” é sobre o pensamento de que mesmo que a nossa liberdade de expressão seja travada, mesmo que sejamos atirados para a cadeia, não nos podem retirar a liberdade da nossa mente. As letras para a “Ghost” e para a “Rebirth” são escritas pela Noémi (vocalista) e são sobre processar traumas passados.
Para tratar da produção, mistura e masterização seleccionaram alguns nomes veteranos, que já trabalharam com muitas outras bandas, que soam muito diferentes de vocês. O que vos fez escolhê-los?
Os passados três álbuns foram feitos pelo mesmo estúdio e pelos mesmos engenheiros de som, e adorámos trabalhar com eles em todos, mas desta vez quisemos mudar a nossa sonoridade. Estivemos à procura durante um tempo quando o Gábor (Kása, baterista) encontrou a Skull Tone Studios. O chefe, o Nino (Helfrich, produtor, guitarrista e manager na Napalm Records), fez a mistura para a sua antiga banda de metal sinfónico, os Neopera, então achámos que ele estaria familiarizado com um cenário de metal sinfónico, e a secção rítmica da banda adorou mesmo o som de guitarra e bateria que ele utilizou noutros projectos. Marcámos uma reunião online, ele foi muito profissional e simpático, e então começamos a trabalhar no material novo.
Ainda são favoravelmente comparados às bandas mais notáveis de metal sinfónico com voz feminina. O que acham que os Meteora tenham que indiscutivelmente mais vos distinga das outras bandas?
Isso é difícil de dizer, visto que com tanta música no mundo, é quase impossível ser totalmente único. Muitas bandas de metal sinfónico que começaram neste estilo começaram a direccionar-se para um som mais electrónico e pop. Eu pessoalmente adoro orquestrações clássicas, portanto é muito improvável que nos juntemos a essa tendência. Temos três vocalistas, duas vozes limpas (masculina e feminina) e grunhidos. Acho que esse é um dos nossos “selling points.” Outro é que muitas das nossas canções são muito pesadas, ainda retendo a veia clássica do metal sinfónico, graças à voz da Noémi. Sei que em termos de peso, somos nada em comparação aos Septicflesh ou aos Fleshgod Apocalypse, mas considero-os black metal primeiro e sinfónicos em segundo lugar.
Existe uma cena de metal sinfónico forte na Hungria, ou é mais fácil para vocês destacarem-se no vosso país a tocar o vosso estilo? Sentem que a cena de metal Húngara devia ter mais reconhecimento internacional?
Infelizmente não há muitas bandas deste estilo na Hungria. Claro que é mais fácil destacar, mas ficaria mais feliz com mais oportunidades de colaborações para concertos. Estamos gratos pelas que temos cá, claro, e tentamos manter-nos juntos com elas o máximo possível. Aqui a maioria prefere heavy metal old school ou metal moderno.
Claro que acho que seria óptimo que a cena fosse mais reconhecida internacionalmente, mas para um país pós-Soviético na Europa de Leste, é muito difícil irromper. No entanto, os Thy Catafalque e os Dalriada estão a fazer um óptimo trabalho nisso, por exemplo.
Quais são agora os planos e ambições para a estrada e para os palcos? Existe uma estratégia diferente ao tocar os temas novos, com o lançamento dos três EPs?
Queremos tocar ao vivo o máximo que conseguirmos, devemos isso aos nossos fãs após estes passados dois anos. Acabámos de anunciar um espectáculo de lançamento para o “In This Silence” que acontecerá em Setembro. Tocaremos o EP inteiro juntamente com alguns velhos favoritos e ainda mais uma surpresa. Temos planos de fazer este espectáculo valer o vosso tempo e dinheiro, e esperamos conseguir fazer tudo! Depois disto, veremos como as coisas correm, mas sentimos que todas as canções dos EPs merecem ser tocadas ao vivo, portanto vamos tentar sempre baralhar um pouco as coisas para cada concerto.