A tocar um estilo de música pesada que não nega a melodia e acessibilidade, os In We Fall encontraram, de forma muito imediata, um lugar no nosso panorama, com pouca concorrência, e já atingiram bastante maturidade. O guitarrista Carlos Carneiro orientou-nos na melhor compreensão deste disco de estreia e do que possa vir a seguir.

Os In We Fall deram logo nas vistas com o lançamento de “Inner Self,” a praticar um estilo que não abunda assim tanto por cá. Sentem que beneficiaram disso? Sentiam uma falta e uma necessidade de música do vosso género?

O estilo pelo qual acabamos por enveredar surgiu de forma orgânica, ao buscarmos uma direção para o projeto com a qual todos os elementos concordassem e se identificassem. Essa foi a única motivação, na verdade. E sim, definitivamente não é um estilo que se pratica assim tanto por cá. No entanto, como todas as bandas, procuramos deixar a nossa própria identidade dentro do estilo em que nos inserimos e cremos que isso sim, nos poderá beneficiar.

Existe algum rótulo, ou referências e comparações que vos tenham desagradado e que queiram superar?

Não creio. Como toda a gente, temos influências que serviram de base para a sonoridade da banda e pretendemos construir o nosso som a partir daí. No entanto, é perfeitamente normal que os ouvintes encontrem pontos em comum com outras coisas e façam comparações, umas mais acertadas do que outras talvez. O que acho essencial perceber é que a categorização musical é apenas uma forma de nos localizarmos minimamente no espectro musical, mas nada é a “preto e branco”. Somos influenciados por muita coisa e em última análise, fazemos a música que queremos fazer, partindo de um determinado núcleo de influências e sonoridades.

Já vão causando sensação e recebendo boas críticas do estrangeiro, também. Ambicionam uma maior internacionalização? Temem tornar-se daqueles casos mais valorizados lá fora do que cá?

Vemos a internacionalização como uma meta a cumprir e que receberíamos sem hesitar. No entanto, penso que é difícil afirmar se tememos ser mais valorizados lá fora do que cá. Acabamos por estar numa fase inicial da nossa carreira e queremos simplesmente continuar a compor, a tocar e a partilhar a nossa música com o máximo número de pessoas e que elas gostem, em Portugal e lá fora.

Foram editados por uma editora Americana. Como é que o vosso caminho se cruzou com a Eclipse Records e como tem sido trabalhar com eles?

De forma um pouco inesperada, na verdade. Nessa altura estávamos a fazer tudo de forma independente, inclusive tínhamos até já lançado 3 singles. Submetemos uma proposta com o nosso projeto para a Eclipse Records e eles responderam positivamente. A partir daí, todo o processo de trabalho e colaboração com eles tem sido bastante tranquilo e sem problemas nenhuns. Sempre nos deram total liberdade criativa e colocaram em primeiro lugar a música e a banda. O Chris (CEO) da Eclipse ajuda-nos imenso e incentiva-nos a ser cada vez melhores no que fazemos.

Consideram “Inner Self” um álbum conceptual? O que nos conta o disco?

Sem aprofundar muito, sim. Penso que faz todo o sentido considerar “Inner Self” um álbum conceptual. Talvez não seja tão óbvio pois não existe uma narrativa explícita, mas existe uma temática subtextual ao longo do álbum. Acaba por se relacionar com várias dimensões daquilo que é o “eu” interior de cada um e toca em pontos bastante relacionáveis e comuns a toda a gente, seja bom ou mau.

Conseguiram uma maturidade incrível para um álbum de estreia. Passaram por algumas dificuldades na sua preparação ou tudo fluiu sempre muito bem?

Todo o processo de composição foi bastante fluído. A principal dificuldade foi a questão de não conseguirmos estar juntos mais frequentemente devido a questões de trabalho, o que nos atrasou um pouco no geral. Mas no aspeto criativo sempre houve um bom entendimento e vontade de fazer as coisas com o máximo possível de calma e sensatez, pondo sempre a música em primeiro lugar.

Já têm suficiente afastamento do disco para o ouvirem e detectarem algo que gostariam de ter feito de forma diferente?

Pessoalmente, sempre achei esse exercício de reflexão sobre um trabalho anterior um pouco inútil. Acho que fizemos o melhor que pudemos e sabíamos naquela determinada janela de tempo, e um álbum acaba por ser sempre isso, um “snapshot” da banda naquela altura. Provavelmente, se o fizéssemos hoje tomaríamos uma ou outra decisão diferente mas estamos bastante orgulhosos de como o disco ficou.

Ainda estão concentrados no amadurecimento de “Inner Self” ou já começam a pensar e a trabalhar no seu sucessor?

De momento, estamos numa digressão nacional para promover o “Inner Self” e bastante concentrados em dar o máximo de concertos possível, que até agora têm sido incríveis. No entanto, estamos sempre a compor e definitivamente já começamos a pensar no segundo álbum que queremos preparar e, esperemos, lançar num futuro não muito distante.

Como tem corrido a digressão? Que ambições de estrada ainda têm por cumprir?

Tem sido tudo incrível até agora. Acho que o público tem recebido bastante bem a apresentação do “Inner Self” ao vivo e tem sido tudo bastante estimulante e divertido. Em relação a ambições, nesta fase, acaba por estar relacionado com o que mencionei anteriormente sobre querermos tocar o máximo possível e partilhar o nosso álbum com o maior número de pessoas, assim como esperamos ainda conseguir mostrar o nosso trabalho internacionalmente no corrente ano.

O que aconselham a bandas novas que queiram arrancar e crescer?

Sem querer soar muito cliché, aquilo que importa é haver bastante vontade de o fazer. Consideramos que, tendo em conta o nosso curto trajeto, já alcançámos algumas coisas das quais nos orgulhamos e sempre foi devido a levarmos isto com a maior seriedade e profissionalismo possível, sustentados por um “drive” gigante de fazer a música que fazemos. Nunca tivemos garantias de nada, mas o ponto de partida tem de ser dado para eventualmente chegar aos sítios a que queremos chegar. E acima de tudo, a parte musical tem sempre de ser o centro de tudo.

Partilha com os teus amigos