Beach House

Bloom
2012 | Bella Union | Dream Pop

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Quando os Beach House atingiram o terceiro álbum, parecia o culminar de um percurso. Bem, para dizer a verdade o homónimo, produção quase de demo e paleta sonora não muito diversa, um belo pequeno álbum, poderia inspirar dúvidas quanto ao futuro da banda. Devotion trazia um crescimento na escrita de canções e mais soluções nos arranjos. Permaneciam as canções, no centro, a projectar emoções, a atmosfera etérea, a voz de Victoria Legrand. Evocação de melancolia, tensão controlada, registo intimista. E mais uma vez em Teen Dream, os Beach House voltariam a superar-se. Teen Dream soava sobretudo maior e momentos como Norway e Silver Soul tinham a força para os catapultar para outro patamar. De álbum para álbum foram experimentando sem verdadeiramente se afastarem dos termos que definiram, paulatinamente afirmando uma visão estética.

Em comparação com a proliferação de propostas num campo dream pop, os Beach House sobressaíam. Bloom parte mais uma vez do álbum anterior, e mais uma vez o supera. Fá-lo como sempre através sem grandes mudanças. E é precisamente a ideia de aperfeiçoamento de uma sonoridade própria e interessante que acaba por ser uma força, mas que possibilita a crítica mais consistente ao álbum: a de que a banda arriscou pouco.

É apesar disso o álbum ritmicamente mais rico da banda, e o mais expansivo, a sua produção a espelhar um maior investimento monetário, resultado da nova estatura da banda. Em matéria de songwriting, é um álbum bem demonstrativo da evolução ao longo dos últimos anos, e pelo menos aqui, maturidade não é uma palavra negativa. Abre com Myth, um dos momentos mais fortes do álbum, mas também a primeira vez que um álbum dos Beach House abre com uma canção que soa como um single (que o seja significa escolha certeira), não desmerecendo momentos anteriores (como Zebra em Teen Dream). Em conjunto com Other People serão talvez as canções mais imediatas, as que melhor funcionam como sonhos pop. Mas sobretudo é um conjunto de canções impecável, e que soa precisamente bem em conjunto, um álbum no sentido clássico (até tem hidden track).

Bloom não é obviamente uma revolução, mas a mestria da banda naquilo que faz torna-o irresistível. E afinal, se como Marc Bolan predicava, “the pop song must be a spell”, este álbum é mais um sucesso.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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